terça-feira, 17 de março de 2009

Paper Planes em três planos



Como gritos de um manifesto terceiro-mundista clamando pelas portas abertas dos países ricos, Paper Planes foi a melhor música do ano passado. E não sou somente eu quem digo.

Para construir seu hino, a cingalesa M.I.A foi buscar inspiração nos mestres da rebeldia e sampleou o riff de Straight to Hell, do Clash.

Juntos, a batida do hip hop e a reprodução das guitarras punks fizeram o chão para a metralhadora verborrágica de M.I.A. A tensão da música é descarregada toda em seu refrão de influência gangsta. “All I wanna do is: pow pow pow pow, and take your money”, canta M.I.A. Estava criado um hit arrasa quarteirão pronto para bombar tanto das FMs do Senegal quanto nos clubs descolados da East London.

Agora, com a chegada aos cinemas de "Quem Quer Ser um Milionário?", do diretor inglês Danny Boyle (Trainspotting), surge uma nova versão da música, remixada pelo selo novaiorquino DFA (LCD Soundsystem, Rapture, Hercules & Love Affair). Para as bases, James Murphy e cia colocaram uma linha de baixo grooveada e sintetizadores à Afrika Bambataa. O barulho dos tiros e a caixa registradora do refrão foram sacados e deram lugar ao riff de guitarra, que saiu da introdução e foi parar no meio da faixa.

O resultado não poderia ter sido mais adequado ao filme, apontado como um Cidade de Deus indiano (e acusado de plagiar este). Paper Planes remix soa como um tecnobrega produzido nos rincões de Mumbai. Retrato perfeito da antropofagia possibilitada pelas tecnologias atuais. Em suma, continua boa bragaray.





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