terça-feira, 17 de novembro de 2009

Do Twitter para os livros


Fabrício Carpinejar lança livros com pensamentos
retirados do seu Twitter; vida a dois está entre os temas


Se escritores fossem jogadores de futebol, Fabricio Carpinejar, 37, preferiria estar no time do futebol de salão. “Nasci para a quadra: passes curtos, atenção extrema e uma partida que pode ser decidida em segundos.” É com essa comparação que ele define a concisão dos pensamentos, frases e aforismos publicados em seu Twitter e que, agora, acabam de originar o livro www.twitter.com/carpinejar (editora Bertrand Brasil).

Com cerca de 9.000 seguidores, Carpinejar publica em seu perfil considerações sobre o dia a dia, relacionamentos, vida sexual, crises conjugais, entre outros, sempre com no máximo 140 caracteres. “Homem que discute o relacionamento quando sua mulher pede satisfação não entendeu o recado”, diz um deles. No total, o livro traz 416 “twittadas”.

“O Twitter não é para preguiçosos. Ao contrário do que se imagina, é para quem têm condicionamento intelectual e consegue tensionar o pensamento em pequenas frases”, diz o escritor, que venceu o Prêmio Jabuti de Literatura em 2009 na categoria Contos e Crônicas com Canalha!.

“Não esperava, foi um assombro. Contentamento de piá que ganha finalmente o cachorro prometido na infância. Dedico-o aos meus pais [os escritores Carlos Nejar e Maria Carpi]. Foi uma espera de 50 anos da família”, completa ele.

Especialista na vida alheia

Antes do perfil no Twitter, esse gaúcho natural de Caxias do Sul já mantinha um blog (www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br), onde publica pequenos contos, poemas e crônicas, sempre recheados de memórias e observações.

Porém, o grande “hit” de Carpinejar na web é o Consultório Poético (http://bloglog.globo.com/fabriciocarpinejar), onde ele responde a dúvidas amorosas enviadas pelos leitores. “Recebo cerca de trinta e-mails por semana, com vários dilemas, desde namorada que abomina a fissura do companheiro por filmes eróticos até homem que acabou traído e não consegue se despedir da mulher”, conta.

Os comentários também costumam ser como as discussões de casais, alguns mais sutis, outros mais exaltados. “Os leitores brigam entre si, colocam seus pontos de vista, admitem falhas, assumem erros, contestam opiniões. É uma tribuna do desejo livre.Não apago comentários. Quando aparecem laranjas para me xingar, faço um bom suco.”

Por último, o escritor não se deixa abalar por uma possível morte da literatura provocada pela internet. “O blog é o jornal da maioria dos adolescentes. Eles leem textos com a mesma assiduidade dos assinantes da imprensa. Acompanham os textos na rede, os autores, adicionam como marcadores e prediletos, mas não deixam de comprar o livro, para riscar, sublinhar e dar de presente”, diz. “A nudez das revistas e das novelas não diminuiu a nudez da vida real, só aumentou. Portanto, A internet acelerou a fome nas livrarias”, completa esse escritor especialista em analisar a vida alheia.

0 comentários:

              © Design by Emporium Digital | Daniela Milagres